quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ele veio a praia

As crianças são as preciosidades que vem para a nossa vida, encher-nos de infância.
Hoje à tarde, fui com minha irmã e minhas três sobrinhas, Vick, Priscilinha e Vivi de 5, 4 e 3 anos, respectivamente, pegar o restinho de sol da tarde.
Sem roupas apropriadas para banho, contentamo-nos apenas em molhar os pés. E ficamos esperando... O fim da onda vinha e nós corríamos; depois esperávamos o próximo para gritar e fugir da água.
Em um pequeno intervalo, Priscilinha me chamou a atenção com um semblante diferente: "Olha lá tia! Olha lá!". Eu olhei para onde apontava e vi um homem que passara por nós correndo com a camisa - de cor preta- presa a sua cabeça como um cabelo meio longo.
Com os olhos a brilhar e com uma emoção que quase a tirava o fôlego, ela completou: "É Jesus! É Jesus, tia!

Cegueira por contaminação

Muitas vezes, quando se chega a um lugar que não se conhece, as primeiras pessoas a qual se tem contato, acabam por apresentar-nos o ambientes e as ambientações. Por ambientações, quero dizer, clima, atmosfera do local: fala-se das pessoas metidas, com problemas, turronas, etc. Então, quando trocamos um "olá, muito prazer" com as tais, estamos, muitas vezes, já com nossos filtros mentais contaminados.

Há pouco tempo, isso aconteceu comigo. Fui fazer um consultoria, e dentre as pessoas que conheci, tinha um senhor que tinha sofrido um acidente. Disseram que era ótimo profissional, mas que o acidente o deixara sequelado.

Todos, inclusive eu, o tratavam com aquela atenção peculiar que se dá a uma criança, que julgamos falar besteiras e acatamos com carinho a sua "ignorância".

Pois bem. Acontece que, fiquei na mesma sala do tal senhor a trabalhar, por um bom tempo.

Puxava assunto toda hora que ele entrava e, aos poucos, ele começou a falar comigo. Aquele "impotente" senhor - era como julgava, mesmo indiretamente -, era um centro de inteligência. No início, noventa e oito por cento do que ele falava eu não entendia, mas acompanhá-lo nas boas gargalhadas, mesmo eu sem entender o porquê, era particularmente gostoso.

Que papelão meu! A vida vem sempre a me ajudar com a cegueira que causa a contaminação por parte das pessoas. Claro que tem suas vantagens a idéia prévia que se tem delas, pois isso pode nos salvar de muitas coisas, contudo, muito bom é separar as idéias do que o real conhecimento, deixando uma coisa paralela a outra. Despir-se de pré julgamentos é sempre bom, quando se fala de uma possível insanidade passiva.

Afinal, é aconselhável estar leve, bem leve, para o que o mundo nos apresenta todos os dias; descobrir que certas bactérias fazem bem para o organismo e que o imaginário do outro pode enriquecer - mais do que se pode contabilizar-o nosso.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Aposta

E ela encontra um porto, nos braços do outro que dizia odiar. Que amor era aquele, que agora despertava, de um sono latente, por ele que sempre a esperara voltar?
A vida segue rumos que o coração nem sabe, mas a situação real, tão sonhada, afinal vem se fazer vivenciar.
E ela ainda tem medo. A perda ainda está no seu olhar. Mas a conclusão que se faz presente é a sua frieza, o seu distanciar, dos braços daquele que ama e se deixa amar.
Que insegurança para saltar, para de dar, se doar, abraçar, beijar, a realidade sublime, a brincadeira de criança, o sonho da infância que lhe dava esperança de um porvir rico e cheio de flores, de promessas e amores, emoções multicores num mesclado de gargalhadas e dores.
Uma das duas deve ganhar: a alegria ou a insegurança; só uma deve reinar.
Vontade para largar é igual a vício, pensamento positivo e repetição, busca da disciplina e da resignação.
E ela resolveu apostar: tudo estava certo. Queria viver dia a dia, queria voltar a sonhar! Vive hoje romance embaladado em sinfonias suaves, e só para as boas coisas dá ouvidos; prefere viver em paz e sabe que tudo pode acabar, mas agradecerá eternamente por simplesmente ter vivido.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

De volta à pátria espiritual

Estão se tornando corriqueiros os cataclismas no Brasil. O que antes era realidade em outros países, representada por furacões, terremotos, tsunami, temos nós pela chuva, efeitos parecidos. Santa Catarina, Niterói, Região Serrana do Rio de Janeiro... Todos: ricos, pobres, pretos, brancos, pardos, altos, gordos, baixos ou magros, bandidos e mocinhos, formam uma só massa humana contida em um mesmo barco.
O que parecia longe, está cada vez mais perto. Famílias inteiras desencarnando juntas, e os que por aqui ainda ficam, passam a ver a vida e a morte sob outros olhares: nascem novamente.
São chegados os novos tempos e percebe-se que estamos em uma peneira, dos que precisam partir e dos que precisam ficar. É tempo de se pensar. É tempo de agir. Que contas iremos nós prestar para algo superior a tudo ou qualquer coisa pós morte que possamos acreditar que existe?
Nestas tragédias, nos tornamos irmãos, ficamos em frente a televisão esperanto o próximo sobrevivente com o coração na mão. No meio ao caos, podemos nos reconhecer na mais sublime prova de amor e vida: a solidariedade sincera, fraterna.
Abram os olhos e aproveitem o embalo dos que ficaram frente à destruição causada pelas chuvas, para taméem nascer novamente. Agradeça a Deus por sua família, olhando-os da forma caridosa e desarmada de quem estar a passar por estas experiências de vida e morte e desapego forçado - pois perderam casa, carros, fotos, documentos, além de parentes, e só ficaram com a roupa do corpo. Afinal, as chuvas continuam e os desastres naturais ficam cada vez mais perto. Arrumem suas bagagens com muitas peças de amor, perdão e trabalho na busca de aprimoramento pessoal, pois aos minutos seguintes pode chegar a nossa vez de entrar no trem com destino à verdadeira vida.


Lívia Suhett