Muitas vezes, quando se chega a um lugar que não se conhece, as primeiras pessoas a qual se tem contato, acabam por apresentar-nos o ambientes e as ambientações. Por ambientações, quero dizer, clima, atmosfera do local: fala-se das pessoas metidas, com problemas, turronas, etc. Então, quando trocamos um "olá, muito prazer" com as tais, estamos, muitas vezes, já com nossos filtros mentais contaminados.
Há pouco tempo, isso aconteceu comigo. Fui fazer um consultoria, e dentre as pessoas que conheci, tinha um senhor que tinha sofrido um acidente. Disseram que era ótimo profissional, mas que o acidente o deixara sequelado.
Todos, inclusive eu, o tratavam com aquela atenção peculiar que se dá a uma criança, que julgamos falar besteiras e acatamos com carinho a sua "ignorância".
Pois bem. Acontece que, fiquei na mesma sala do tal senhor a trabalhar, por um bom tempo.
Puxava assunto toda hora que ele entrava e, aos poucos, ele começou a falar comigo. Aquele "impotente" senhor - era como julgava, mesmo indiretamente -, era um centro de inteligência. No início, noventa e oito por cento do que ele falava eu não entendia, mas acompanhá-lo nas boas gargalhadas, mesmo eu sem entender o porquê, era particularmente gostoso.
Que papelão meu! A vida vem sempre a me ajudar com a cegueira que causa a contaminação por parte das pessoas. Claro que tem suas vantagens a idéia prévia que se tem delas, pois isso pode nos salvar de muitas coisas, contudo, muito bom é separar as idéias do que o real conhecimento, deixando uma coisa paralela a outra. Despir-se de pré julgamentos é sempre bom, quando se fala de uma possível insanidade passiva.
Afinal, é aconselhável estar leve, bem leve, para o que o mundo nos apresenta todos os dias; descobrir que certas bactérias fazem bem para o organismo e que o imaginário do outro pode enriquecer - mais do que se pode contabilizar-o nosso.