sexta-feira, 26 de março de 2010

Tá com você


Duda estava quieta, com a expressão triste e distante - totalmente diferente do habitual. Um de suas amigas, ao perceber aquele estado, resolveu observar mais antes de enchê-la de perguntas. Luisa e Duda tinham uma afinidade interessante: se uma começava uma frase, a outra terminava e vice-versa. Mas aquela frase especfícica que Luisa lia em Duda naquele momento, não conseguia completar, nem ao certo entender.
Preocupou-se logo, então, em achar algum meio de criar outra frase em sua amiga, para que pudesse completar, porém queria evitar ser invasiva. Luisa pensou, pensou e... Eureka! A menina teve uma idéia:"Vou criar um frase para Duda completar! Assim trago seus pensamentos para outras coisas." Tentando conter a euforia Luisa chama Duda.

_ Sim, Luluca.
_ Tá comigo ok?
_ An? - Duda indagou Luisa com a expressão confusa. mas Luisa continuou:
_ Vamos ver se acho... Hum... Lembra de quando compramos laranjas e elas caíram no meio da rua?
_ Lembro - Diz Duda sem expressão.
_ Hum, está frio... Ah! Lembra de quando pegamos carona em um caminhão de galinhas? Um pôs um ovo na sua cabeça!
Duda respondeu um soslaio consentivo.
_ Está morno... - e Luisa se animou- Ei amiga! Lembra que ovo rolou, caiu no meu uniforme, fiquei com cheiro de ovo, e tomei um banho com aquele seu perfume ficando na realidade toda fedida e ninguém.. há... ningué.... há há.. nin... háháhá - Luisa não conseguiu mais falar, pois gargalhava.
Duda riu muito, gargalhou de sentir dor na barriga. Ao perceber isto, Luisa disse feliz:
_ Achei! Achei o que procurava!
_ Como assim? Peguntou Duda, já quase chorando de rir.
E Luisa:
_ Deixa para lá amigona! Agora tá com você!



Muitas vezes, ao querer ajudar um amigo, nos tornamos invasivos, ou tentamos remediar uma situação baseado em nossas próprios machucados, sem ao menos perguntar o que especificamente o outro sente. Para quer oferecer "Dorflex", se a dor do outro pode ser emocional?
Nem sempre acharemos uma solução para ajudar quem amamos. Contudo, podemos , oferecer opções de lembranças para a mudança de estado, com o objetivo de trazer flores mentais para que possam passar pelas situações da vida enxergando o "copo meio cheio".
Gostoso assim é encontrar o sorriso escondido outro. Luisa encontrou. Agora, tá com você!

Lívia Suhett 25/03/2010

Colecionando Óculos


Ana Bacana tinha uma coleção de óculos: um para cada ocasião. Um para ir a escola, um para fofocar sobre o gatinho da sala 3, outro para fazer compras em São Paulo com a tia Inês. Assim vivia Ana Bacana, com usa maleta de elntes e armações.
O critério para escolher os óculos era bem simples: dependia do humor ou da estação, se estava triste ou se era verão; tudo dependia da situação.
Só tinha um problema: quando se desentendia com os outros nao sabia que óculos colocar! Ana Bacana colocava todos e até comprava novos, mas nenhum deles fazia a relação de bem voltar.
Um dia, o inesperado - e esperado aconteceu: Ana Bacana, em uma discussão, se enfureceu! Cabelos e tabefes para lá e para cá e Ana Bacana à amiga estapear. Confusão maior foi da platéia, quando Ana Bacana parou e à menina se desculpou. Havia mudança no olhar de uma e de outra. Ana Bacana e a menina se entreolharam e "caíram na risada", acompanhadas da galera: é que na hora do furdúncio, dois óculos caíram enquanto as duas estavam como feras: Ana Bacana vestiu os da garota e esta, os dela.


A leitura do mundo se faz com os diferentes óculos que colecionamos ao longo da vida. Educação familiar, cultura regional, alegrias, doenças e frustações, são exemplos de lentes que usamos diariamente.
Portanto, vale limpar algumas e desfazer de outras, mas também experimentar a ótica alheia - gostando ou não do efeito - para acumularmos graus qua nos dão a oportunidade de enxergar diversas realidade, a fim de nos entender melhor e compreendermos o todo de sentimentos, ações e reações ao nosso redor.

Lívia Suhett 06/03/2010

terça-feira, 16 de março de 2010

Para amar

Marina há tempos se perguntava sobre a falta de paciência com sua mãe, acompanhada de um sentimento de culpa.Tinha - e sempre teve - toda a atenção, todos os mimos e, agora, dotada de uma atitude crítica mais ativa, percebia na mãe, comportamentos e linhas de raciocínio que ela mesma vetara e advertira em Marina quando esta era criança. Como achar a pessoa que te acompanhou toda a vida, hipócrita ou incoerente? Como entender uma possível revolta de sentimentos e crenças de ilusão moralista que para Marina significava medo e receios?
A estratégia primeira de Marina, se chamava "namoro". Pensou: " se tratar mamãe como trato João, meu namorado, como toda certeza terei mais compreensão e carinho, visto que relevo muitas cisas que não concordo e que ele faz. O resultado disso foi no mínimo interessante, visto que o esforço de Marina por uma visão mais apaixonada pelas coisas. Porém, nada eficaz, visto que paixão pode apagar-se como chama, e com o fato de que como namorado se termina, mas com mãe não.
Marina então começou a relativizar, lembrando de situações em que agiu, pensou e se comportou de maneira a agredir pessoas e sentimentos. Estes, a jovem externou ao máximo, tentando medir as consequências, para que qualquer coisa que a incomodasse na sua mãe se tornasse bem pequena. E recordou! Vixi! E como recordou! Inclusive de muitos comportamentos insanos e desgostosoa à própria mãezinha. O que iria fazer? Acreditava que não existem culpas e sim responsabilidades e que agoara, mais consciente de sues atos, sabia que tinha muito trabalho pela frente.
Que amor pode transpassar barreiras? Que amor compreende, cuida e quer bem? Que amor releva equívocos e acredita sempre que tudo vai melhorar? Que amor é esse que olha para o outro e , independente de como seja, ou o vejam, enxerga a melhor forma, assim como Michelangelo viu Davi em uma pedra antes de esculpí-lo?
A jovem sentiu grande emoção por perceber que tinha em si muito desse amor. E, principalmente que o recebera de sua mãe! "Amor materno!" - exclamou Marina entusiasmada com a onda nova e positiva de energia que a invadia.
"É isso! Quero ser mãe! Quero sentir e dar desse amor, quero me embriagar dele!"
Marina então decidiu adotar um filho. E adotou.
Daquele dia em diante, Marina passou a ser mais responsável, paciente e leve. E sua mãe, mesmo sem entender o que ocorria com a filha, se sentia confortável e feliz, com as canções de ninar à cabeceira de sua cama, com afagos em seus cabelos grisalhos que a jovem a oferecia quase todas as noites.
Lívia Suhett



segunda-feira, 15 de março de 2010

Recordações

Mas depois da despedidas
Não hei de morrer
Não hei de chorar
Pois nunca vou esquecer
Dos versos e das canções
que nos faziam bailar
Das nuvens que julgávamos
animais, flores e tudo formar
Do meu sorriso
Do teu olhar
E depois das despedidas
Por que hei de chorar?
Por que hei de morrer?
Minha mente me presenteia
com as melhores lembranças de você.
Lívia Suhett

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vick Suhett - Minha sobrinha princesa. By Lívia Suhett

Charge de Casamento
Cliente: Alexandre (Macaé - RJ)
Vivizinha - 1 ano - By Lívia Suhett

Caricatura da Carlota ( Formatura)

Coração Mimado: alerta para orgulho ferido ativado

Muitos me questionam a frieza para com os pretendentes dos quais eu mesma nem pretendo. Conclusões precipitadas sobre algum bloqueio psicológico, um possível ostracismo, entre, outros, chegam ao meus ouvidos de todas as partes.

Parei para pensar: o que há? Buscando milimetricamente procedimentos anteriores e conseqüências relacionadas ao meu querido coraçãozinho, cheguei a uma conclusão: ele se mima facilmente.

Quando um Don Juan se aproxima, ele vem com o objetivo de acariciar seu ego, tomar confiança, e tê-la logo em seus braços. Vai tentar uma, duas, três vezes... Surgem duas opções: se jogar nos braços do galã, ou ser clara em relação a negativa do sentimento – resumindo, dizer um “Não!”. Nesta está a questão.

Dizer não é não e pronto. Pois se o não é um “cozinha rapaz a vapor” um uma maneira egoísta de ter alguém no pé, atenção! Seu coração poder ficar mimado e daí você provará do próprio veneno.

Acontece que dentre declarações dele e foras seus, uma relação de afeto começa a ser formada. Ok! Direi logo sem dó: uma relação de pertencimento nasce. Então, espera só a hora que o gato aparecer com outra e deixar de te ligar: vai morrer de ciúmes! Isto acontece porque você se permitiu mimar o coração, sem se prender. Correu o risco, ou achou que era a única do mundo.

Bem, concluindo, sou ostra neste sentido não: só evito deixar meu ego amaciado por rapazes aos quais prefiro distancia. Elogios são sempre bem vindos, mas quando só a outra parte estás interessada, corto a torneira da “babação”, com o intuito apenas de evitar me afogar.

Apaixonemo-nos pelas flores do caminho!

Já repararam que todas as vezes que nos apaixonamos por um “Grégori”, do nada descobrimos um “Grégori Lanches” na esquina da nossa casa? E que o irmão do primo do cunhado do vizinho tem um filho chamado Grégori? Que do embaixo do 100% algodão da etiqueta do nosso travesseiro está escrito “Fabricado por JJ LTDA Rua Grégori Lins – São Paulo – SP”? Caramba! Não é imaginação, é real! Como assim?
Bem, colocando os pingos nos “is”, verificaremos que nada ocorre ao acaso e, portanto, não é “do nada” que as coisas acontecem, pois a verdade é que nossa atenção se torna mais focada naquilo que temos em mente no momento: o que antes não prestávamos atenção, torna-nos-á interessante na medida em o fatos/objetos/pessoas/assuntos estiver em voga no nosso dia a dia ou em determinado espaço/tempo das nossas vidas.
Minha hipótese: se por circunstâncias da vida, fatos/objetos/pessoas/assuntos nos tomam à atenção, podemos nós mesmos eleger, a qualquer tempo, circunstâncias que nos proporcionarão visões focadas ao que desejarmos. Ora, se uma pessoa se foca em algo bom, (tente se apaixonar por isso) que consequentemente é reforçado pelo resultado positivo da atenção seletiva, seu estado mental será favorável ao seu bem estar, trazendo-a auto estima elevada por se conseguir o que se quer. Portanto, independente se minha hipótese virá, ou não, uma tese a ser defendida, vale a pena nos presentearmos com paixões (não no sentido doentio) por nós mesmos, onde a atenção se volta para nosso corpo, nosso modo de ser, nosso modo de tratar as pessoas.
Conclusão: eleger um modelo do melhor que podemos ser. E podemos!
No final, notaremos que, além de não existir o final, o melhor da busca é se descobrir rindo sozinho, pois somos nós, desde a criação, nosso próprio ponto de chegada e que o tempo e nossas ações são caminhos para simplesmente chegarmos aonde já estamos.
(por Lívia Suhett, dedicado às Luluzinhas Vicentinas)

Macaco na Vitrine

Nos momentos em que perdemos a cabeça e damos uma resposta atravessada à alguém que nos sorri; em que jogamos nossos fracassos nos outros com constrangimentos e humilhações; em que deixamos o sucesso - que pensamos ter - subir à cabeça ou em que deixamos a cólera ( e esta é a pior) florescer, devia ter uma câmera nos filmando: seria muito interessante assistirmos depois.

Este filme de desequilíbrio sentimental e comportamental deveria ser o campeão de bilheteria da nossa mente, para reforçar literalmente nosso papelão de ator principal: aquele mais poderoso, o mais soberbo, àquele que tem o poder de dinheiro, àquele que paga o mico.

Sim, pagar o mico. Não há outro verbo para o ridículo.

É importante sempre projetarmo-nos nestas cenas, para evitá-las. Contar até um milhão e entender que ser flexível não é ser fraco, mas sim dar tempo para nós mesmos agirmos com sabedoria.

Podemos ter feito, já fazer, ou ainda ter a intenção de tratar mal às pessoas. Mas é relevante lembrar da invisível câmera da nossa consciência, a testemunhar o pagamento do nosso mico que, aliás, hoje, poder ser por boleto, internet banking, celular, ticket refeição, cartão de crédito... Enfim!

Se chefes, irmãos mais velhos, familiares, ou outros aos quais nos subordinamos profissional ou sentimentalmente são consumidores compulsivos destes macaquinhos, temos a alternativa de ajudar a pagar a prestação, ou apenas assistir e analisar a compra, para que, se um dia formos tentados com uma promoção, resistirmos à comprar do animal.

Afinal, se a gente tem equilíbrio, temos o privilégio de estar mais protegidos: os que não o tem, perdem o direito até da piedade, pois quando perguntam onde eles compraram a ferradura, os que ouvem a discussão morrem de pena... Do cavalo.

Lívia Suhett - Out/2009