quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um toque de tanto faz

Com o tempo, quando se consegue abrir os mapas mentais, a gente começa a ficar com o que eu poderia chamar de um toque de “tanto faz”. Tanto faz se o outro é gordo ou magro, tanto faz se o cabelo está em um mal dia hoje, tanto faz se àquela pessoa tem um chapéu diferente. Tanto faz.
Nem todas as pessoas, portanto, alcançam a qualidade desse toque. É necessário dar uma volta ao mundo, e uma volta pelo seu próprio mundo. Pessoas diferentes, bagagens diferentes, doenças, belezas, beijos, trejeitos, atritos, preconceitos, cultura. Tudo converge para a ampliação do seu universo, logo, do seu mapa mental. A cada experiência quase passa, acompanha ou toma conhecimento, uma porta a um caminho diferente se abre. Então novos focos se tornam seletivos à sua atenção.
Neste caminho, além direcionamento para frente, há uma flutuação, um vôo com o pó de pirimpimpim que o conhecimento adquirido, com a humildade peculiar de uma criança que desperta para o novo, traz. A gente se eleva e as coisas se tornam pequenas. Daí que surge o famoso “tanto faz”. E esse “tanto faz” não parte de um dirigir supérfulo, apático ou conformista da vida, mas sim da certeza de que existe algo maior, algo que nos espera; tesouros de outros lugares. Logo, se a roupa é cara ou barata, se o outro é baixo ou alto, se o beltrano é exótico, ou não, tanto faz.
É estado de superioridade - sem a prepotência de um poder totalmente vulnerável - que vem quando se põe a energia vital em coisas realmente importantes e interessantes, buscando se desfazer dos penduricalhos da fofoca, do imediatismo, das paixões que geram ressacas morais e histórias de vida vazias. É estar no patamar do ser, do acontecer, do confiar, do amar o outro; é curtir o sol e sentir o orvalho da manhã nublada, é ter coragem de olhar no espelho e rir; rir da sua própria graça e fazer desse riso, sorriso poste de luz, convite à todos à vida verdadeira, sentida por todos os poros.
Caminho estranho, pois se faz uma trilha por caminhos há muito esquecidos de nós mesmos. Caminhos de espinhos que plantamos ou de rosas que doamos. Caminhos. Essa expedição é tensa e perigosa, mas excitante e enriquecedora. Visto que, se se dá a volta ao globo amplia-se a visão de mundo; se se faz mochilão para dentro de si , todo o globo curva-se à sua visão.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O mapa, realmente não é o território.