quinta-feira, 31 de maio de 2012

O Mal do Papo Mofado

Se se faz da roupa que estranhamos de alguém, da traição do marido da vizinha, da celulite da mulher da praia e outras coisas do gênero, assunto de um dia inteiro, cuidado! Atenção ao Mal do Papo Mofado! É um tipo de Síndrome, que já deveria ter sido extinta com a evolução dos meios de comunicação. Explico: hoje, a expansão do acesso ao conhecimento global diante de um único clique, propicia ao sujeito o arquivamento e as pesquisas dos assuntos que estão dentro da validade para serem consumidos e reciclados.

Propício em pessoas de idades variadas - e de espírito obsoleto- esta doença é causada pelo preconceito e pessimismo exacerbado e críticas vazias. Vivemos em um país com tantas situações para serem discutidas e resolvidas, que é um desperdício passar um dia inteirinho falando que tal mulher não pára com marido algum, ou que fulano ou beltrano pode ser gay ou lésbica. Achar alguém balofo, cadavérico, galinha, gay, Maria machadão, metido (a), brega, etc. é normal. Comentar e inclusive rir disso, também. Mas quando acabar – e durar no máximo cinco minutos -, acabou!

Estes assuntos são “papos mofados” e quanto mais se alimenta disso pior se faz. A questão crítica é que o papo mofado é social, não se come sozinho: é banquete de comida estragada. Comer porcaria de vez em quando ainda é bom e faz até bem para o humor. É como comer um pacote suculento Doritos com Coca-cola geladérrima. Agora, vai fazer isso o dia inteiro para ver no que dá...

Há cura e prevenção para se diminuir cada vez mais o mofo das palavras. Já vivemos em um país com muitas questões a resolver, a começar por nossa cidade: violência, pobreza, doença, abandono, pedofilia... Olha quanto assunto se tem quando se podem discutir soluções!

Leituras variadas, conversas construtivas de vidas, empréstimo de ombros e ouvidos com ternura e paciência, viagens para fora do próprio umbigo, etc., são medicamentos poderosos de cura e prevenção. Ah! Tem um efeito colateral: amplia a visão, atrai gente do bem, e “do nada” a pessoa começa a ter sorte. Particularmente, não acredito em sorte: se colhe o que se planta – se o senso comum classifica como sorte ou azar, pode ficar continuar a vontade.

Portanto, para provas verídicas desse discurso aqui escrito, procure saber o que fazem os mestres, os grandes homens e mulheres que tanto admiramos e observe seus hábitos de fala. Será fácil observar que vale a pena investir no valor do seu alimento mental: seu hálito fica gostoso e seu papo, irresistivelmente, sadio e refrescante.




Lívia Suhett