quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Dançando com o Demônio

Estavam então as coisas entrando no eixo. Um, portanto, havia deixado de lado, visto que de cinco processos, quatro faziam ponte direta com meu dia a dia. Neste período de recolhimento de colapso cerebral e emocional algo começou a me incomodar. Simplesmente doía. E começou a doer mais e mais. Percebi que estava diante do quinto processo. O que tinha realmente deixado de lado.
O que é isso que me incomoda tanto que me dá esse nó no estômago? Já tive raiva, repulsa, tristeza... Mas de nada valeram. O medo me ofereceu gentilmente um drink de coragem, o qual eu bebi em pequenas doses até que me embriagasse dele. Soltinha que só, lá fui eu, sem vergonha alguma, convidar meu demônio para dançar.
No início, parecia uma luta. Talvez eu liberasse uma agressividade embutida, viva, que me dava, de alguma maneira, idéia de força e resistência. Logo depois, uma grande loucura: eu parecia odiar e começar a gostar daquele demônio. Tanto tempo com ele, que certo costume, certa intimidade, fizeram meus sentimentos conflitarem.
A graça logo veio. Nada parecia fazer sentido: eu ria para ele e ele para mim. Rimos, rimos, rimos toda uma tarde. De nossa graça, de toque infantil e sossegado, dos risos pelo riso, fomos enxurrados de uma energia que nos conectava e que, no afã das vibrações, fazia-se, pela corrente elétrica que se formava, focos de luz que se entrecruzavam e nos envolviam, tais quais pequenas fadinhas clarificando algo em nós com suas varinhas mágicas.
Uma sensação de gratidão no invadiu. A mim pela companhia de todos os anos e pelo impulso às pesquisas de auto descobrimento; a ele, por agora poder dançar com àquele que sempre acompanhou e sempre o rejeitou. Demônio do meu coração. Foi meu guardião por todos esses anos, não permitindo que eu ficasse por muito tempo nas zonas de conforto. Treinador incansável do meu processo de pódio. Namastê.

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